Monday, 2 June 2008

eStremeço

Sou o sangue enjaulado no sangue
Sou o vento que estremece o ventre do mar
Sou a carne que arranco da terra
Sou a manhã sem sono perfumado

Quem quiser sentir uma pedrada, atire-a primeiro.
Quem quiser muitos quereres, atire-se a eles.

Não cantam os sonhos mandados
Não falam as bocas cozidas
Não tocam as marés escondidas

Sou o espanto que voa descalço
Sou a gente sem folhas
Sou a nave mendiga

Dispam-se as vontades!
Dispam-se os encontros!
Dispam-se as mentiras!
Dispam a noite do dia!
Dispam o dia da noite!

Sou palavras cantadas da rua
Sou a mão que me habita
Sou batimentos de fígado
Sou um soletrar do lodo

eStremeço

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